Trabalhos 2022/2023
Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto (Porto)
Atividade: Painel dos Alimentos: Aditivos
Escalão:
Resultados do inquérito, quais os alimento selecionados?
Alimentos mais consumidos:
1 - Panikes de chocolate
2 - Barras de cereais
3 - Chocolates (diversos)
4 - Sumos processados (diversos)
5 - Leite achocolatado
6 - Iogurtes líquidos
Pesquisa e investigação sobre aditivos alimentares:
Cada vez é mais comum encontrar aditivos alimentares nos alimentos que consumimos, tornando o valor dos aditivos alimentares para a sociedade moderna indiscutível, traduzindo-se também em inúmeros benefícios que contribuem para a segurança e qualidade alimentar (WHO, 2018). Desde os primórdios que o ser humano depende da utilização de substâncias naturais como sal ou açúcar para a preservação dos alimentos. Mais recentemente, a utilização dos aditivos alimentares compreende outros objetivos além da “preservação dos alimentos”, como, por exemplo, modificar a textura e/ou a cor dos alimentos (WHO, 2018).
Na Europa, o Regulamento (CE) n.º 1333/2008, de 16 de dezembro, “estabelece normas relativas aos aditivos utilizados nos géneros alimentícios, tendo em vista assegurar o funcionamento eficaz do mercado interno e, simultaneamente, um elevado nível de proteção da saúde humana e um elevado nível de proteção dos consumidores”, sendo este responsável, mais concretamente, pela classificação e autorização de todas as substâncias, naturais ou sintéticas, utilizadas com o fim de manter ou melhorar as propriedades dos géneros alimentícios. Em Portugal, os aditivos alimentares, com exceção dos corantes e edulcorantes, são legislados pelo Decreto-Lei n.º 121/98, de 8 maio, sendo este diploma um exemplo de Códex que deverá ser seguido por todos estabelecimentos do setor alimentar para que haja a garantia da segurança dos produtos.
De acordo com o Regulamento (CE) n.º 1333/2008, de 16 de dezembro, um ADITIVO ALIMENTAR inclui todas as substâncias que são adicionadas aos alimentos com o principal objetivo de este manter as suas propriedades organoléticas, como sabor, textura e salubridade, não apresentando qualquer valor nutricional. Vale a pena mencionar que os aditivos alimentares só deverão ser utilizados quando se pretende assegurar a segurança e qualidade dos alimentos visando que estes mantenham as suas propriedades desde o local de produção até ao consumidor (Regulamento (CE) n.º 1333/2008, de 16 de dezembro; WHO, 2018; FAO & WHO, 2022). Os aditivos alimentares autorizados na Europa estão codificados com a nomenclatura “E-###”, onde a letra E significa “Europe“ e os três números representam a classe funcional (Regulamento (CE) n.º 1333/2008, de 16 de dezembro; FAO & WHO, 2022). Os aditivos poderão ser divididos em sete grupos/tipologias, nomeadamente (Decreto-Lei n.º 121/98, de 8 maio; Regulamento (CE) n.º 1333/2008, de 16 de dezembro):
· Corantes: só poderá ser considero aditivo alimentar se tornar o alimento mais apelativo visualmente, conferindo cor a um género alimentício desprovido desta ou quando restitui a aparência original do alimento que perdeu a cor durante as operações de trabalho, embalagem e distribuição.
· Conservantes: substâncias utilizadas para prolongar o prazo de validade dos géneros alimentícios, protegendo-os da ação microbiana;
· Antioxidantes: substâncias utilizadas para prolongar o prazo de validade dos géneros alimentícios, protegendo-os da degradação pela oxidação;
· Edulcorantes: só poderá ser considerado aditivo alimentar se substituir os açúcares e prologar o prazo de conservação do alimento;
· Estabilizadores: substâncias utilizadas para manter as propriedades físico químicas dos alimentos;
· Emulsionantes, Espessantes e gelificantes: substâncias utilizadas para alterar o manter a textura do alimento (homogeneizar dois produtos imiscíveis, aumentar a viscosidade ou formar um gel);
· Outros: Intensificadores de sabor, Acidificantes, Agentes de Transporte, etc.
Não obstante os seus benefícios, a presença ou a adição incorreta de alguns aditivos alimentares pode comprometer a saúde da população, tornando-se este um problema de saúde pública emergente. Alguns aditivos alimentares que poderão apresentar consequências para o ser humano incluem o Aspartame (E-951) (edulcorante com toxicidade neurológica e reprodutiva); Tartrazina (E102) (corante presente em refrigerantes, produtos de pastelaria e confeitaria com sintomas de intolerância alimentar); Stevia (E960) (edulcorante com possível efeito imunomodulador de inflamação) Dióxido de Titânio (E171) (corante com genotoxicidade).
Seleção dos Aditivos Alimentares a considerar
Edulcorantes
Para a maioria dos edulcorantes, a principal fonte de exposição na população portuguesa, em quase todas as faixas etárias, são os refrigerantes. Também os néctares e sumos de fruta podem contribuir.
Glicosídeos de esteviol (Stevia) - E960 - Possível efeito imunomodulador de inflamação
Aspartame - E951 - Toxicidade neurológica e reprodutiva
Corantes
Tartrazina - E102 - Sintomas de intolerância alimentar. Presente em refrigerantes, produtos de pastelaria e confeitaria.
Extrato de cochonilha, ácido carmínico, carminas - E120 - Reações anafiláticas e de hipersensibilidade (agudas e crónicas). Presente em refrigerantes, produtos de pastelaria e confeitaria.
Segundo o Anexo V do Regulamento nº 1333/2008, alimentos/bebidas com algum dos seguintes corantes alimentares: Amarelo-sol (E110), Amarelo de quinoleína (E104), Carmosina (E122), Vermelho allura (E129), Tartrazina (E102) e Ponceau 4R (E124); devem incluir no rótulo a informação de que podem “causar efeitos negativos na atividade e atenção das crianças”.
O corante alimentar dióxido de titânio (E171), de acordo com a reavaliação da EFSA publicada em 2021, deixou de ser considerado seguro por terem surgido novos estudos científicos que apontam não ser possível excluir preocupações quanto à genotoxicidade da substância.
Referências Bibliográficas
World Health Organization (WHO). (2018). Food additives. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/food-additives
Decreto-Lei n.º 121/98 do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. (1998). Diário da República: I Série A, nº 106/1998. https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/121-1998-517213
Regulamento (CE) n.º 133/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho. Relativo aos Aditivos Alimentares. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32008R1333&rid=1
Food and Agriculture Organition of the United States (FAO), World Health Organization (WHO). (2022). Class Names and the International Numbering System for Food Additives. https://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/sh-proxy/en/?lnk=1&url=https%253A%252F%252Fworkspace.fao.org%252Fsites%252Fcodex%252FStandards%252FCXG%2B36-1989%252FCXG_036e.pdf
Memória descritiva:
O desafio “Painel dos Alimentos | ADITIVOS" previu a elaboração de um painel com informação específica relativa à quantidade de aditivos alimentares (emulsionantes, estabilizadores, espessantes e gelificantes, corantes e potenciadores de sabor) nos alimentos processados mais consumidos ao lanche pelos estudantes da nossa instituição (Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto). Além disso, o Painel ainda apresentou informação relativa a alguns efeitos negativos para a saúde humana dos aditivos mencionados.
Devido ao ritmo acelerado do seu dia-a-dia, cada vez mais as crianças e jovens optam por alimentos processados, os quais são muito acessíveis, fáceis de transportar e de comer, tendo como prioridade a sua praticidade, deixando de lado questões mais importantes como o seu valor nutricional. Desta forma, a promoção de uma alimentação saudável junto desta população assume especial relevância para que estes adotem ou mantenham um estilo de vida saudável e compatível com as suas necessidades metabólicas.
Para dar resposta a este desafio, num primeiro momento foi elaborado um questionário, com recurso ao Google Forms, abordando diversas questões relacionadas com os aditivos e os hábitos alimentares dos estudantes. O questionário era constituído por 3 questões sobre informação geral sobre o tema “aditivos alimentares” e 14 questões relacionados com a frequência de consumo de diversos tipos de alimentos. Com base na informação obtida através do questionário foram selecionados os 6 alimentos mais consumidos ao lanche pelos estudantes, tendo sido posteriormente avaliada a presenças de aditivos alimentares nesses mesmos alimentos. Simultaneamente, foi realizada uma pesquisa sobre alimentos alternativos, mais saudáveis e que apresentem menos aditivos na sua composição, sendo essa informação adicionado ao painel. O objetivo foi fornecer um conjunto de informação mais concreta de opções alimentares, similares aos alimentos mais consumidos, mas que apresentam menos aditivos alimentares na sua composição. Para a elaboração do painel foram utilizadas caixas de cartão reutilizadas e folhas A3, tendo o poster final, após impressão, 2 metros de altura e 85 centímetros de largura. A afixação do painel foi realizada junto à área de alimentação da instituição com o objetivo de alertar os estudantes sobre a importância de uma dieta que contenha escolhas mais saudáveis e sustentáveis.
A realização da atividade envolveu a participação de 3 elementos do Conselho Eco-Escolas, com idades compreendidas entre os 21 e os 25 anos.
Registo fotográfico: