Trabalhos 2022/2023
Escola de Hotelaria e Turismo do Porto (Porto)
Atividade: Eco-Ementas Mediterrânicas
Escalão: Ensino profissional
Memória descritiva:
Memória descritiva Eco-Ementas Mediterrânicas
Equilíbrio e Encontro, do que somos e do que comemos.
O discurso da sustentabilidade parece ser produto do contexto atual, fruto dos desequilíbrios demográficos, ambientais, económicos, sociais e culturais que ocorrem num mundo onde o encontro entre o local e o global não pondera o bem-estar, mas a urgência da rentabilidade. Na verdade, o conceito do equilíbrio entre homem vs natureza, é uma equação difícil de verter desde que percebemos que dependíamos do consumo para sobreviver. Os gregos procuraram esse equilíbrio e, assim, nasceu a filosofia. Procuraram na alimentação os símbolos da sua aproximação ao mundo natural e animal, espécie de compromisso entre o ter que comer para sobreviver e o respeitar plantas e animais, e assim, nasceu a cultura alimentar do Mediterrâneo que o mundo ocidental traduziu para Dieta Mediterrânica. Os Romanos, apaixonados pelo simbolismo e pela riqueza dessa cultura gastronómica, absorveram na integra os produtos e receituário e expandiram-na ao seu império. Escreveu Plutarco que a extensão do Império Romano era quantificável pela existência da oliveira, onde esta árvore existia era Roma que existia com ela. Nasceu no Mediterrâneo, nesse mar entre terras, onde a montanha sempre foi símbolo de fertilidade e os recessos da costa de cada território integrante desse mar interior simbolizaram a segurança necessária para os avanços da pesca. Cultura rica onde cada produto tinha o seu lugar, mas onde o pão, o vinho e o azeite souberam ocupar importantes degraus no suporte da existência humana. Cada um, por razões específicas, transformou-se num alimento sagrado, capaz de unir famílias, comunidades, religiões, continentes. De um lado ao outro do mundo, o Mediterrâneo no esplendor da sua tríade que nos saciou a fome e nos deu prazer. Mediterrânica, a dieta, porque partiu da geografia que lhe deu berço, mas soube acolher produtos vindos de outros países, conseguiu ser ponto de encontro entre culturas gastronómicas.
Equilíbrio. É esta a base de uma linha alimentar que a sustentabilidade nos quer dar. Ponderação no que ser tirar da natureza e no que se quer retribuir a quem a trabalha. O valor do alimento como um fim em si mesmo e não um meio para atingir lucros incríveis. A indústria alimentar que não pode oprimir a liberdade de nos encontrarmos a meio caminho entre a sobrevivência e o prazer. A necessidade de respeitar os animais, o seu bem-estar, a diversidade genética e de sabor, as comunidades agrícolas. Mais do que um conceito, a dieta mediterrânica é uma cultura que herdámos e que devemos levar para o futuro reservando as mudanças necessárias que as prioridades nutricionais, sociais e culturais nos exigirem. Mais do que um lucro que se obtém, a alimentação é uma atividade que serve os humanos e que nunca pode descurar o planeta que dá suporte à existência humana. Querermos o sempre bonito, sempre fresco, sempre fofo e sempre quente destrói o valor do alimento, do trabalho humano que lhe subjaz e o esforço da natureza. Respeitar o ciclo geografia física, humanidade, cultura, impera para que possamos olhar o amanhã como uma possibilidade feliz para todos os que vivem agora e os que virão depois de nós. Aprender a ter cultura gastronómica. Absorver os princípios de uma dieta onde o equilíbrio é milenar e toca as bases da sensibilidade humana no respeito pelo que nos alimenta.
Ganhar coragem para ouvir o coração que bate, num animal, num solo maltratado, numa planta sujeita a pesticidas crescentes para que, ainda que fora da estação, surja viçosa e linda. Ganhar coragem para sentir a necessidade da mudança. Seja para que os nossos hábitos de consumo sejam o mais inócuo possível no que nos rodeia, seja para que a nossa qualidade de vida não fique presa a preconceitos estéreis, seja para o sabor nunca se veja atrapalhado por causa de intolerâncias alimentares fruto de uma avidez nada amiga da saúde humana.
Criar e reverter. Absorver e mudar. Equilíbrio pessoas vs pessoas, de um mundo desenvolvido ao dito menos desenvolvido. Equilíbrio pessoas vs animais. Equilíbrio pessoas vs natureza. Impedir que a agricultura nos magoe e penhore o futuro. Ouvir os sabores que saltam do mundo natural para a panela e que a transformam. Porque somos herdeiros da Cultura Gastronómica do Mediterrâneo.
Ementa EHTP
Sopa: Creme de Abóbora Assada com Legumes Primaveril
Equilíbrio. Princípio fundamental do Mediterrâneo, o caldo que coze os alimentos e lhes preserva as qualidades nutricionais. A valorização da abóbora e de um alimento que amacia, dá sabor e nutre em abundância.
Prato Principal: Açorda de Cavala e Pimento
O Pão como princípio, meio e fim da cultura mediterrânica. O fascínio do cereal que sacia e nutre, alimento sagrado para a cultura ocidental. A açorda como encontro de culturas. A herança greco-romana em interação com a cultura árabe, propagadora desta receita simples onde o caldo abebera o pão adornado pelas ervas aromáticas. A riqueza da cozinha que cabe numa mão.
Sobremesa: Crumble de Maçã
Fruta. O princípio da doçaria. Antes do mel, do açúcar ou outro adoçante, a fruta como despertar para o doce. Sinal evidente de que a natureza ouviu o nosso palato e nos deu o seu melhor. A maçã como fruta mãe da sociedade portuguesa, riqueza genética ainda por descobrir. A inovação que sugere a preservação de sabores.
Ementa:
Registo Fotográfico de cada um dos pratos:
Informação extra:
Nota: Ver apresentação em anexo
Informação extra (anexos):